sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

UMA HISTÓRIA PARA PAIS E AVÓS...

Quando Victor tinha somente cinco anos, a professora do jardim-de-infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam.
Victor desenhou a sua família.
Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras.
Desejando escrever uma palavra acima do círculo, saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora.
- Professora, como se escreve...? Ela não o deixou concluir a pergunta.
Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula.
Victor dobrou o papel e guardou-o no bolso.
Quando voltou para sua casa, naquele dia, lembrou-se do desenho e tirou-o do bolso.
Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até à mochila, pegou num lápis e olhou para o grande círculo vermelho.
A sua mãe estava a preparar o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa, mas ele queria terminar o desenho antes de lho mostrar.
- Mãe, como se escreve...?
– O menino, não vê que estou ocupada agora? Vá brincar lá para fora. E não bata a porta, foi a resposta dela.
Ele dobrou o desenho e guardou-o no bolso.
Naquela noite, tirou outra vez o desenho do bolso.
Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou no lápis.
Queria terminar o desenho antes de o mostrar ao pai.
Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai.
- Pai, como se escreve...?
– Victor, estou a ler o jornal e não quero ser interrompido.Vá brincar lá para fora. E não bata a porta.
O garoto dobrou o desenho e guardou-o no bolso.
No dia seguinte, quando a sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho, enrolados num papel: uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas, os tesouros que ele encontrara enquanto brincava fora de casa.
Ela nem abriu o papel.
Atirou tudo para o lixo.
Os anos passaram...
Quando Victor tinha 28 anos, a sua filha Inês, de cinco anos, fez um desenho.
Era o desenho da sua família.
O pai riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse: - Este aqui é você, pai! E também riu.
O pai olhou para o grande círculo vermelho feito pela filha, ao redor das figuras e, lentamente, começou a passar o dedo sobre o círculo.
Inês desceu rapidamente do colo do pai e avisou: - Eu volto já!
E voltou. Com um lápis na mão.
Acomodou-se outra vez nos joelhos do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
- Pai, como se escreve... amor?
Ele abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e foi conduzindo devagar a sua mão, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia:
- Amor, querida, amor escreve-se com as letras: T...E...M...P...O...
Conjugue o verbo amar todo o tempo.
Use o seu tempo para amar.
Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que, para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive.
Não espere que o seu filho descubra sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre-se: se você não tiver tempo para amar, crie.
Afinal, o ser humano é um poço de criatividade.
E o tempo...bom, o tempo... é uma questão de preferência.

1 comentário:

Patrícia disse...

olá Padrinho!

Antes de mais obrigado pela divulgação da minha obra!

Tempo..."eu sou o ter tempo e o já não ter tempo..."

por vezes vivemos para dentro esquecendo dos nossos 'contornos'(as pessoas que nos rodeiam). vivemos desgarrados de tempo e centrados para o amanhã, e quando tomamos consciencia do tempo, o hoje dissipa-se e compreendemos um já não ter tempo. viver com o tempo é viver para o outro!
beijinho,
Patricia