quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O REQUISITO FINAL DA LIDERANÇA EFICAZ É GANHAR CONFIANÇA

A partida para férias acarreta sempre alguns preparativos, entre os quais a selecção de alguns livros pelos quais nutro mais interesse ou curiosidade. Apesar da concorrência dos jornais e revistas que, diariamente, acabo por comprar, a verdade é que na praia, na piscina ou recostado numa comprida cadeira na varanda de casa, sempre surge oportunidade para a leitura do que levo na bagagem. Foi assim que, este ano, seleccionei dois livros de Georges Simenon (um dos mestres da literatura policial da minha preferência) e um de Peter Drucker (o “guru” da gestão cujas obras mais aprecio).

Ao fim de alguns dias, dei comigo a pensar que alguns conteúdos das revistas e jornais que li, mereciam um “registo” no blogue. O que certamente irei fazer dentro em breve. Por outro lado, pelo seu profundo significado, não resisti a reproduzir aqui extractos de um capítulo (“Liderança enquanto trabalho”) do livro “O essencial de Drucker” (escrito em 2001).
A liderança é importante. Mas, infelizmente, é uma coisa diferente do que agora é defendido. Tem pouco que ver com “qualidades de liderança” e ainda menos com “carisma”. É desinteressante, aborrecida e não romântica. A sua essência é o desempenho.
Em primeiro lugar, a liderança não é, por si só, boa ou desejável. A liderança é um meio. A questão crucial é portanto, liderança para que fim. Não existem coisas como “qualidades de liderança” ou uma “personalidade de liderança”.

Então o que é a liderança se não é carisma e não é um conjunto de traços de personalidade?
A primeira coisa a dizer sobre liderança é que é trabalho. A base de uma liderança eficaz é reflectir sobre a missão da organização, defini-la e consolidá-la clara e visivelmente.
O líder estabelece os objectivos, as prioridades e estabelece e mantém os padrões. Ele faz concessões, é claro; sem dúvida os líderes eficazes estão dolorosamente conscientes que não controlam o universo… Mas antes de aceitar uma concessão, o líder eficaz reflectiu sobre o que é acertado e desejável. A primeira tarefa do líder é ser alguém que toma decisões de forma clara e inequívoca.
O que distingue um líder de um pseudo líder são os seus objectivos. O que determina se ele é um líder eficaz depende de o seu compromisso para com as limitações da realidade – que podem envolver problemas políticos, económicos, financeiros ou interpessoais – ser compatível com a sua missão e os seus objectivos ou o afastar deles…
O segundo requisito é que o líder encare a liderança como responsabilidade e não como estatuto e privilégio.

Os líderes eficazes raramente são “permissivos”. Mas quando as coisas correm mal não culpam os outros… Mas precisamente porque um líder eficaz sabe que ele - e mais ninguém - é em última análise responsável, não tem medo da força de parceiros e subordinados. Os pseudo líderes têm.
Um líder eficaz quer parceiros fortes; ele encoraja-os, pressiona-os, aliás orgulha-se deles. Em virtude de se assumir responsável, em última análise, pelos erros dos seus parceiros e subordinados, ele também vê os triunfos dos seus parceiros e subordinados como triunfos seus e não como ameaças…
O requisito final da liderança eficaz é ganhar confiança.

Para se ter confiança num líder não é preciso gostar dele. Nem é necessário concordar com ele. A confiança é a convicção de que o líder quer dizer o que diz. É uma crença em algo muito antiquado chamado “integridade”. As acções de um líder e as suas crenças têm de ser congruentes, ou pelo menos compatíveis. A liderança eficaz não se baseia tanto em ser inteligente mas principalmente em ser consistente.
No tempo que vivemos, convenhamos que o conteúdo deste extracto merece uma cuidadosa reflexão.