quarta-feira, 24 de junho de 2009

METÁFORA

O Rei vai Nu
Uma história da nossa infância...
Este conto fala-nos de um rei que era muito vaidoso e “convencido”.

Certo dia, dois trapaceiros resolveram aproveitar-se desta sua peculiaridade.
Disseram-lhe, então, que haviam encontrado um tecido muito belo, que apenas os mais inteligentes eram capazes de ver.
Conseguiram que o rei logo quisesse comprar um fato de tal raridade, a fim de mais bonito parecer e para poder testar a qualidade intelectual da sua corte.
Algum tempo depois, o monarca decidiu sair com a sua “vestimenta” e mostrar-se ao povo.
Toda a gente olhava admirada para o rei, pois ninguém queria mostrar-se parvo.
A dada altura, uma criança, na sua inocência, gritou: -“Olha, olha! O rei vai nu!”
A história d’ “O rei vai nu” adverte-nos do perigo de, ao sermos demasiado vaidosos ou “convencidos”, ficarmos mais frágeis, menos lúcidos e capazes de usar a razão, enfim, mais susceptíveis de errarmos e cairmos no ridículo.
Por outro lado, fala-nos do medo de nos afirmarmos perante os outros, de expressarmos o que pode ser rejeitado, “censurado” ou contribuir para que não nos aceitem, ainda que seja por demais óbvio.
Todos viam que o rei estava nu, mas só uma criança, que não teme ainda a “censura”, a “rejeição social”, porque delas não tem consciência, foi capaz de o denunciar publicamente.
A inocência infantil poderá, porém, ser substituída pela coragem de alguém que ouse ir «contra a maré».
Se algum adulto, de entre os muitos que assistiam ao desfile, tivesse dito bem alto a verdade, poderia ter igualmente desencadeado a reacção colectiva.
Por isso, esta história constitui igualmente um estímulo à intervenção corajosa, ousada, sustentada na verdade.
Adaptado de “Bettelheim e Carochinha” - 2008