segunda-feira, 17 de agosto de 2009

CULTURA DE IRRESPONSABILIDADE

Seis doentes confiaram o tratamento dos seus olhos a um dos mais conceituados hospitais portugueses.

Saíram cegos do bloco operatório.

Numa organização que se prezasse, a responsabilidade seria imediata e integralmente assumida; e será partilhada por todos, sem excepção.

Tal seria exigido pela cultura da organização, pelos procedimentos internos adoptados, por amor à verdade, por respeito pelos utentes, por compaixão para com os atingidos.

Uma boa parte do que se seguiu mostra a distância a que nos encontramos deste paradigma.

Houve três intervenções particularmente dolorosas.

A Ordem dos Farmacêuticos e o Colégio de Especialidade da Ordem dos Médicos tiveram como única preocupação isentar os seus representados – cheirou a corporativismo, no que este tem de pior.

A Direcção Clínica do Hospital afirmou não ter chegado a nenhuma conclusão, o que não a impediu de acrescentar que “negligência médica temos a certeza que não houve”, pelo facto de todos os procedimentos em causa se encontrarem certificados (evidenciando que não sabe o que é nem para que serve uma certificação).

O efeito destes pronunciamentos é perverso: - diminuem a nossa confiança no sistema, ao contrário do pretendido.

Daniel Bessa

In Expresso - 15/08/209

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